Essa não toca no rádio

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

O poema abaixo foi escrito à época do mensalão...

Na Veia
Dos meus olhos inchados de passeatas
Das cervejas rebeladas dentro dos copos
Da caminhada oblíqua sobre a calçada
Da vida que se desdobra sem esquinas
Numa reta nua para o abismo
Há um martelo degolado sobre a mesa
Há uma foice sangrando, dúbia, débil, pífia
Há uma prostituta sorrindo seus cachês
Por entre os seios fartos dos palácios
Capitais Quintais Quiçá Cu do mundo
O garoto terrorista, malabarista dos semáforos
A cola não para trabalhos escolares
A viagem sem bailarinas, sem palhaços
O odor das fezes
Dos cães ou dos ratos tanto faz
Cuspo o fogo dessa veia inquieta
Desse circo de horrores das alcovas
Onde o asno banca o sábio
E todos dizem amém
Se teu olho não enxerga
Os calos do trabalhoAcorda!
Sai pra vida, vem pra briga
Não vacila, não cochila
Já curraram a tua moral!
Na tribuna ou nos altares
Na oração dos bolsos
Puída a roupa do demônio
Resiste ao exorcismo
Que te leva o último níquel
De líderes bastardos
Atolados em almofadas
Disfarçados em alfândegas
De subalternos, reles, teles
Das estatais
O escárnio sorriso
De uma máscara carnívora
Cujos dedos decepados
Rogam a Deus enquanto
Dão adeus ao suor das máquinas
Onde multidões acenaram
Nos portos da memória
Sobre as tumbas dos que lutaram
O oceano agora vazio
Da tua fala
Revela o náufrago sufrágio
De bandeiras que desbotam
De estrelas que enferrujam
Dessa enxada que roça a terra
Planto o trigo da infância
Desses calos doloridos
Faço bolhas de sabão
Nesta garganta doravante
Apenas a certeza do grito
E do pão que agora levo à boca
Poema de Adeilton Lima

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